ODILON AMÂNCIO RAMALHO

Ele foi o primeiro prefeito de Nova Cruz. Naquela época, intitulava-se "Intendente". Nascido em Araruna/PB a 29-12-1892, "seu Odilon" como era conhecido, chegou a Nova Cruz em 1918. Autodidata mas com visão de empreendedor, construiu sua residência na Pça. Barão do Rio Branco, vizinho ao prédio onde hoje é o Fórum Djalma Marinho, importando materiais da Inglaterra como vitrais, telhas de ardósia, mosaicos, etc. Foi a primeira casa com instalação hidráulica e água encanada. Em 1922 ele implantou uma usina que fornecia energia elétrica para as ruas e residências da cidade. Inaugurou o primeiro cinema com filmes vindo de Recife para exibições semanais, instalou as primeiras indústrias da região: uma fábrica de sabão e uma torrefação e moagem de café. O primeiro serviço de telefonia de Nova Cruz foi "seu" Odilon quem trouxe. O telefone ligava sua residência ao escritório e a usina. Na área politica, militava no partido Perrepista, fiel a Juvenal Lamartine e adversário de Nestor Marinho seu companheiro de carteado. Em 1942, mudou-se para Natal a fim de acompanhar os filhos nos estudos. Casado com dona Lucila Pessoa Ramalho, teve 6 filhos: Ernani, Clóris, Aline, Aidê, Aniole (falecida no auge da juventude ) e Noilde (Diretora da Escola Doméstica de Natal). Faleceu em Natal mas foi sepultado em Nova Cruz ao lado de sua esposa e filha.

Fonte: Aidê Ramalho



Acervo: Ilvaíta Mª Costa



OS MARCIANOS


As décadas de 60 e 70 no Brasil,foram muito tumultuadas politicamente devido a implantação da Ditadura Militar. No mundo surgia um movimento conhecido como "Hippie" que pregava Paz,Amor e Rock and Roll. No Brasil, sobressaía-se ,na música, um grupo de jovens artistas: A Jovem Guarda que lançou o iê-iê-iê, estilo musical que influenciou o comportamento de toda a juventude.A exemplo dos Beatles, surgiram incontáveis conjuntos musicais (hoje conhecidos como "bandas"). E Nova Cruz não ficou à margem dessa onda. Apresentou para a juventude da região "Os Marcianos" cuja trajetória de formação foi deveras interessante e no mínimo engraçada.A formação inicial era de um trio:"The Oncly "(os tios), iniciando de forma precária, formado por estudantes sem grande poder aquisitivo para comprar instrumentos sofisticados, o trio era formado por Joílton, Olivar e Eronides que partiram com a cara e a coragem na luta para concretizarem seu projeto musical. Lançaram a Campanha da Garrafa: "Transformaremos Garrafas em Guitarras"(coleta e venda de garrafas de vidro), Joilton trabalhava como eletricista e toda a renda adquirida era destinada a campanha de aquisição dos instrumentos.Em apoio ao Trio, a diretora do então Ginásio de Nossa Senhora do Carmo, Ir. Gema, promoveu a 1ª apresentação pública do The Oncly. Os integrantes do trio compuseram 11 músicas para sua estréia.Acontece que não dispunham de sistema de amplificação de som e a improvisação deu sua nota no show: ligaram a guitarra a um rádio de pilhas.A cada música executada alguém tinha que correr e trocar as pilhas do rádio. Mesmo assim, ou apesar disso a estréia do trio foi um sucesso entre os estudantes da época. Em seguida o trio evoluiu para um conjunto: "Os Marcianos"que em sua formação tinha Joílton-vocal, Olivar-bateria, Itamar Gadelha-guitarra solo, Eronides-guitarra base, Gilberto Felipe- teclado, Bernardo Pimentel-contrabaixo e Alberto Janúário-técnico de som. Para a aquisição dos instrumentos o Presidente do CAC-Comercial Atlético Clube- Valdemar Ferreira, fez a doação em nome dos associados, de uma bateria marca Caramuru, Pe. Matias comprou os tecidos para a indumentária do grupo e emprestou a quantia de CR$ 250.000,00 para a compra de guitarras e amplificadores. Os microfones e colunas de som, eram emprestados da Igreja Matriz. Tinham que esperar o término das cerimônias religiosas para transportar esse equipamento para o local onde seria o show e voltar com ele quando o evento terminasse.Os ensaios realizavam-se na lage do Hospital Imaculada Conceição( em construção), hoje Hospital Mons. Pedro Moura. No dia 05-07-1968 a estréia d'Os Marcianos lota o CAC. Daí então o conjunto foi se estruturando, alguns integrantes saíram, outros entraram,participavam de concursos,e assim faziam carreira. Mas o tempo passou levando consigo a Jovem Guarda, o Iê-iê-iê e Os Marcianos não se furtaram ao embarque nessa nave do tempo e hoje são pontos marcados na memória daqueles que viveram a época em que a juventude era conduzida pelo mais universal dos códigos da Arte: a Música.
Fonte : Joílton
Acervo: Joilton e Gilberto
Texto: Ilvaíta Mª Costa