CULTURA MANIPULADA


Via Sérgio Sergio Bairon, professor da USP, em reflexão precisa e certeira

Não paro de ver Pontos de Cultura à míngua e resolvi desabafar de algures para alhures. Sabem o que acontece quando, ao invés de incentivar, o Estado resolve ORGANIZAR a cultura? Uma catástrofe! Historicamente esta catástrofe esteve muito calcada no que o Estado compreendeu como Folclore. Neste sentido, não importa a postura política dos governos, a organização da cultura é o contrário de um reconhecimento das formas de vida orgânicas das manifestações livres de um povo. Neste pequeno filme, eu e meu parceiro José Ribeiro, resolvemos comparar a cidade de São Paulo de 12 milhões de Habitantes, com a cidade de Jequitibá (MG) com um pouco mais de 5.000 habitantes. Em ambos os casos, o Poder Executivo intenciona “homenagear as culturas tradicionais”. Quem tiver 20 minutos verá que a manipulação da cultura tradicional é absoluta, pois desfiles e premiações transformam toda cultura num "espetáculo" político-institucional do poder executivo. Os Pontos de Cultura, idealizados por Celio Turino, é bom reforçar ESTÃO À MÍNGUA, partem de um princípio totalmente diferente. Comentando o papel do governo na gestão Gil, diz Celio Turino em seu livro: "Não há imposição sobre como aplicar os recursos distribuídos pelo Ministério da Cultura e cada Ponto desenvolve suas atividades conforme suas necessidades e plano de trabalho." Ao contrário desta prática desenvolvida pelos Pontos de Cultura, o filme mostra a manipulação política da Cultura Tradicional. Então, poderia perguntar um burocrata:
- no caso da cultura, isso significa que para o Governo governar não deve organizar com fins de fiscalizar? -
Sim, responderíamos! A melhor maneira do Governo se fazer presente é subsumir no interior das iniciativas e criatividades dos seus cidadãos. Optando por uma interpretação adaptada do que já dizia o filósofo Espinosa, podemos concluir que a grande liberdade está na manifestação espontânea da força, ou potência interna, da essência das formas de vida da cultura humana, o que raramente os governos entendem!

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