Verdade ontem/"Lenda Urbana" hoje





Para quem não viveu os anos 60, é pura lenda, história de "trancoso", dessas que contamos para acalmar criança hiperativa; mas para quem "alcançou" aquela época, sabe que é verdade bem verdadeira, como dizem os antigos.


Aconteceu no final da década de sessenta...A casa, situada no centro histórico da cidade, era habitada por várias senhoras sendo 3 moças em idade avançada (entre 70 e 80 anos aproximadamente) e uma viúva, também na 3ª idade. O homem da casa era um sobrinho criado por elas. Um dia, morre uma das irmãs, e foi ai que o fenômeno iniciou...Durante o velório, apareceu não se sabe de onde, um grande sapo "cururú" dentro do ataúde, em cima do cadáver. Os presentes estranharam, mas deduziram que sendo a casa perto do rio, isso poderia acontecer. Para quem mora às margens de rio é comum a presença de sapos dentro de casa de vez em quando. Mas esse sapo era diferente: Era grandão e chegou de mansinho, saltou feito uma rã...mesmo a sala estando cheia de gente, ninguém o viu chegar... Mas as pessoas logo esqueceram o fato e trataram de dar prosseguimento ao funeral. Só que após o enterro os habitantes daquela casa não mais tiveram sossego: a presença daquele sapão deu origem a dezenas de outros "cururús"que começaram a cair do telhado incessantemente. A notícia espalhou-se pela rua. Homens da vizinhança juntaram-se ao sobrinho das moças para pegar os sapos que eram muito ágeis para a espécie e tinham uma estranha força, se agarrando aos caibros do telhado ou aos pés dos móveis. Mesmo assim, conseguiram pegar vários deles, colocá-los num saco e despejá-los do outro lado do rio, fora da cidade. Ao retornarem para a casa lá estava a "chuva" de cururús caindo do telhado! O intrigante era que só acontecia naquela casa. Na vizinhança não aparecia nenhum. Ouvia-se apenas o barulho assustador que eles faziam no telhado da casa das moças. Elas, coitadas, em idade avançada não conseguiam mais ter paz: Dia e noite convivendo com sapões caindo do telhado e correndo pela casa fazendo uma incrivel e barulhenta bagunça . No inicio, acorreram muitas pessoas para verificar o estranho fenômeno e muitos o presenciaram também. Nos domingos, após a missa, o padre ia até a casa delas acompanhado de fiéis para rezarem, numa vã tentativa de exorcizar aquele "exército" de sapos. Mas o tempo ia passando e o fenômeno continuava. Sugeriram então que as moças mudassem de casa. Elas o fizeram, mas uma semana depois, lá estavam os sapos caindo na nova casa. Elas então retornaram à antiga residência. Era comum vê-las nas madrugadas, sentadas nos degraus ou de pé na soleira da porta principal da Matriz, envolvidas em chales e lençóis à espera de que o dia amanhecesse para entrarem na casa pois havia noites em que não conseguiam ficar dentro de casa:os sapos as expulsava. O fenômeno durou anos e acabou caindo no lugar comum. Ninguém mais se interessava em presenciá-lo. No máximo algum conhecido que passava perguntava:- e aí, eles ainda estão caindo?- ao que elas respondiam:- ainda! Foi então que aconteceu algo que, apesar de serem estremamente católicas, fez com que elas consentissem na realização de uma sessão espírita em casa: Um sapo agrediu fisicamente uma delas: a viúva! Ela estava com a saúde debilitada, não enxergava direito e um dia, estando sentada em seu quarto rezando, um dos sapos agarrou-se á sua perna e começou a arranhá-la. Ela gritou, as irmãs foram acudi-la e viram o sapo literalmente esfolando uma de suas pernas. Foi então que o sobrinho e um amigo entraram em contato com uma instituição espirita da linha kardecista em Natal cuja equipe veio à Nova Cruz e prepararam-se (jejuando) para uma sessão que explicasse a origem desse fenômeno apavorante. O ritual espirita aconteceu e através dele ficou esclarecido um crime entre irmãos onde um assassinou o outro por questão de herança familiar e o assassino ao ser preso em Recife e recambiado , de trem ,para responder a júri popular em Nova Cruz, chegou morto à estação sem que ninguém soubesse, na época, explicar o caso. esse fato tinha acontecido há 40 anos atrás.. Durante a sessão espírita, ficou esclarecido que o réu foi envenenado durante a viagem: Durante uma parada numa determinada estação, mandaram-lhe três laranjas para que ele as consumisse.Fazia muito calor e o réu consumiu as frutas. Logo depois começou a passar mal acometido de "uma agonia", segundo ele, e não resistiu. Para os presentes a sessão, as pessoas que mandaram o "presente de grego" para o réu se identificaram ,pois todos já haviam falecido. Após esse esclarecimento e terminado o ritual kardecista, os sapos desapareceram e nunca mais voltaram a perturbar as pessoas da casa.


Fontes: José Fernandes-Donzinha-Ilvaíta



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