O Primeiro Agente Cultural de Nova Cruz














Membro (pelo lado materno)de uma das familias ilustres da cidade - os Lisboa- José Teixeira da Costa, conhecido apenas como "Zé Teixeira" ,era o artista mais atuante de Nova Cruz. Quem, com mais de 40 anos não lembra dos eventos produzidos por ele, aqui em nossa cidade? Do sagrado ao profano, ele transitava livremente e de forma a impressionar a todos pela beleza e sensibilidade com que levava a termo seus objetivos festivos. Exigente, nenhum detalhe escapava à sua observação.
O que mais marcou na memória dos novacruzenses foi o seu trabalho de carnavalesco. Zé Teixeira foi o responsável pelos primeiros grandes carnavais de rua da cidade. O "Bloco de Zé Teixeira" era o mais famoso. Formado unicamente por rapazes, chamava a atenção não só pelo luxo das fantasias de cetim, mas pela animação regada a jatos de lança-perfume e ao som de orquestra de metais que percorria as ruas da cidade arrastando foliões indecisos. A cada tarde, o bloco "assaltava" uma residência onde era ansiosamente esperado e oferecido bebidas e petiscos dos mais variados, os quais a rapaziada consumia estusiasmada pelo clima momesco.
No mês de maio, seu trabalho era dedicado às festas sacras. Passava dias e às vezes noites ornamentando os altares da Matriz para as noites consagradas à Maria. Confeccionava ele mesmo os adereços das crianças que seriam os anjos da noite. Começava com um anjinho no 1º de maio e ia aumentando a cada noite até a noite final com 31 anjos ocupando o altar-mor da igreja.(FOTO)
No mês de junho, encantava a criançada com o seu "São João na Roça": espécie de maquete (tipo o presépio natalino) com o tema junino, onde pacientemente armava todo o cenário de um arraial junino na sala de sua residência. A criançada formava fila na porta de sua casa para ver as casinhas da fazenda, a igrejinha com o padre na porta, o carro de bois com os noivos à caminho, a quadrilha no pátio da casa grande, o pau de sebo, o quebra pote, as advinhações na fogueira...Tudo composto por bonequinhas de pano caracterizadas. A meninada observava tudo encantada!
No mês de dezembro, o reveillon com certeza ficava a cargo de Zé Teixeira! Formava uma equipe de auxiliares e armava e ornamentava a "barraca" da festa do dia 31/12, criava pequenas cenas teatrais protagonizadas por moças da sociedade que encarnavam os papéis de sereia, pescador que cantavam enamorados, cenas biblicas, etc. Era um espetáculo de som,cores e imagens que embevecia principalmente o pessoal da zona rural que comparecia às imediações da Matriz à espera da missa do galo.
Dono de uma criatividade singular, numa época em que a tecnologia era totalmente artesanal, Zé Teixeira permanece na memória dos que o conheceram e se encantaram com seu trabalho; e atiçará a imaginação da geração que apenas ouve falar de seu grande talento.
Fonte: Donzinha Costa
Acervo fotográfico: Dalva Manso
Texto: Ilvaíta Mª Costa



Um comentário:

Anônimo disse...

Assustador esse "causo". Típico de filme de terror... Mas o pior é que foi verdade mesmo. Desde pequeno ouço falar nisso.