Desigualdade nas Casas de Cultura



Até que enfim é mostrada a real situação da Casa de Cultura de Nova Cruz! Para quem acompanha esse blog (além dos novacruzenses), sabe o quão movimentada era essa entidade cultural.Como sempre, por mais que os Agentes Culturais que frequentavam aquela instituição( alguns ainda aparecem por lá de vez em quando), se esforçaram para manter a Casa longe de politica partidária,a mudança de coordenação causada pela mudança no sistema politico das últimaseleições, resultou na nomeação de pessoas jovens e inexperientes que nunca haviam lidado ou sequer participado de qualquer movimento ou mesmo evento cultural. O resultado pode-se constatar nessa reportagem do jornal "Tribuna do Norte":


Criadas para abrigar e fomentar atividades culturais no Rio Grande do Norte de forma descentralizada, as trinta Casas de Cultura espalhadas pelo Estado constituem um bom termômetro para mensurar a situação em que se encontra o segmento artístico potiguar. A reportagem da TN visitou, nesta terça-feira (8),  quatro delas e constatou que a palavra "desigualdade" é a que melhor define a situação. Apesar da amostragem ser concentrada na região Agreste, em Santa Cruz, São José do Campestre e Nova Cruz, e no litoral Sul, onde visitou Goianinha, o resultado traça um panorama do atual quadro em que as Casas se encontram. 
Sabe-se que algumas delas, localizadas principalmente na região Oeste, estão com estrutura comprometidas e algumas com portas fechadas, caso da Casa de Cultura de Macau; mas o fato é que as que estão funcionando refletem, em primeiro lugar, o grau de envolvimento da comunidade com o equipamento. Cada Casa conta com espaços básicos: auditório (para 100 pessoas em média), sala de administração, ateliê para oficinas de artes, sala de leitura e minibiblioteca.
Como o Governo Estadual banca, basicamente, as despesas com água e luz, os outros dois fatores que fazem a diferença são a capacidade de articulação dos agentes de cultura que coordenam os espaços e o comprometimento da Prefeitura local. Se fosse necessário atribuir uma sequência de classificação, chegaríamos a seguinte lista: São José do Campestre mostrou a maior movimentação e, apesar da Prefeitura não dar o apoio necessário, a deficiência é contornada pelo envolvimento das pessoas e pela dedicação da equipe que dirige o lugar desde que foi inaugurado em 2008.
Em seguida aparece Goianinha, destacada pela estrutura física disponível e pela presença da Prefeitura, que também utiliza a Casa para abrigar a Secretaria Municipal de Cultura. Em Santa Cruz, a diversidade da programação é pequena, mas mantém o lugar funcionando; já em Nova Cruz, os dois ambientes limitam as atividades, a estrutura apresenta sinais deabandono e não há programação fixa definida. As realidades e o perfil são bem diferentes, confira alguns pontos levantados:



São José do Campestre, 100 km da capitalSão José do Campestre, 100 km da capital
SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE - 100 km da capital
- Inaugurada em 2008
- Investimento: 95 mil
- Coordenação: Alexandre Domingos (desde 2008).
- Funciona de segunda a domingo, das 8h às 22h, em antigo galpão para armazenamento e venda de algodão.
- Estrutura: pinacoteca, minimuseu, cantina e lojinha. Possui computador, mas sem conexão com a internet.
- Programação fixa: ensaios de grupos folclóricos (Boi de Reis Sete Estrelas), dança (de rua e popular), teatro popular e banda de rock; aulas de alfabetização; oficinas de música (flauta doce). 
- Atividades extras: exposições, palestras, cursos e oficinas esporádicas. Local de treinamento de agentes de saúde.
- Ponto de Cultura: recursos da primeira parcela (R$ 60 mil) foram utilizados para aquisição de instrumentos, equipamentos de som, ventiladores e data show.
- Situação: inaugurada há quase quatro anos, a Casa está bem conservada. Boa parte da manutenção é feita pelos próprios administradores. Serviços de zelador e limpeza são realizados por voluntários. Apesar de ser o único espaço cultural da cidade, a Prefeitura não oferece contrapartida. O lugar foi assaltado recentemente, quando levaram botijão de gás, liquidificador e aparelho DVD.

Júnior SantosGoianinha, 55km da capitalGoianinha, 55km da capital
GOIANINHA - 55 km da capital

- Inaugurada em 2008
- Investimento: 180 mil
- Coordenação: Ana Maria Barbalho Teixeira (secretária municipal de Cultura), Dione Maria Almeida da Silva e Alene Grasiele
- Funciona de segunda a sexta, das 7h às 17h, em imóvel que pertencia ao município. No local também funciona a Secretaria de Cultura.
- Estrutura: sala de reunião, duas salas para administração, auditório e ateliê. A minibiblioteca foi desativada e o acervo transferido para a biblioteca municipal. Boa parte das atividades são realizadas de forma descentralizada, em diversos espaços culturais vinculados à Secretaria/Casa. Possui três computadores e acesso à internet.
- Programação fixa: aulas de música, artes plásticas, capoeira, dança, exibições semanais de filmes. Exposição permanente de fotografias.
- Atividades extras: exposições, lançamentos de livros e realização de palestras, cursos e oficinas. Assistência na elaboração de projetos. 
- Ponto de Cultura: a primeira parcela dos recursos foram utilizados na aquisição de computador, impressora e equipamentos audiovisual.
- Situação: das quatro Casas visitadas é a mais bem equipada. O auditório tem ar-condicionado. Governo do RN só banca a energia elétrica, e das três lojinhas de artesanato, apenas duas estão funcionando.


Nova Cruz, 90km da capitalNova Cruz, 90km da capital

NOVA CRUZ - 90 km da capital

- Inaugurada em 2003
- Investimento: 90 mil
- Coordenação: Aldo Soares e Joelson Galdino (desde 2011).
- Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 14h às 17h, na antiga estação de trem da cidade. 
- Estrutura: apenas os espaços padrão (administração, auditório e ateliê). Um dos corredores funciona como minimemorial (acervo diminuto). O computador não funciona há mais de um ano.
- Programação fixa: não há nada agendado.
- Atividades extras: o ateliê está sendo ocupado com oficina de arte Naïf e o auditório sede espaço para alunos que participam do Programa Mais Educação do MEC (aulas de dança e canto coral).
- Ponto de Cultura: apesar de funcionar no primeiro andar do edifício e realizar eventos em parceria, desenvolve atividades paralelas.
- Situação: dentre as quatro Casas de Cultura visitadas pelo VIVER é que apresenta estrutura mais comprometida. O imóvel não passou por nenhuma reforma em quase dez anos de funcionamento. O auditório não possui palco e as mesas e cadeiras do ateliê não são adequadas às atividades artísticas. A Prefeitura local oferece serviços de limpeza e zelador.

Matéria publicada em 10/05/2012
Yuno Silva - repórter

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